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Quarta fase “Das redes às rodas: em defesa dos modos de produzir, viver e comer nos diferentes biomas do Brasil”

No dia 18 de março de 2022, o FBSSAN lançou a quarta etapa da campanha de comunicação e mobilização “Comida é Patrimônio”, com o apoio da Fundação Heinrich Böll Stiftung (Rio de Janeiro) e em parceria com o Centro de Ação Comunitária (CEDAC) e o projeto de extensão universitária popular Comida é Patrimônio (UFRJ/UERJ).  Com o nome “Das redes às rodas: em defesa dos modos de produzir, viver e comer nos diferentes biomas do Brasil”, a quarta fase manifesta-se a partir da urgência de reproduzir algumas ações da campanha no ambiente digital, em função do contexto de distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19. 

Assim, trata-se do desenvolvimento de uma plataforma com mapa interativo digital “Celebremos o Brasil e seus mundos de vida”, de forma mais inclusiva e com a ampliação do nosso material visual e sonoro. Dessa forma, ela reúne um conjunto de imagens, textos e áudios (músicas, poesias, receitas, falas), além de contar com a presença dos anúncios e denúncias sobre os seis biomas brasileiros: a Amazônia, o Cerrado, a Caatinga, a Mata Atlântica, o Pampa e o Pantanal. A proposta de denunciar e também de apresentar os anúncios foi inspirada no Educador Popular Paulo Freire, a partir das cartas políticas. Nossa intenção é apontar que existem ameaças aos biomas e ao patrimônio alimentar, além de transmitir as vozes de resistência presentes em diversos territórios. Para Freire, é necessário denunciar uma realidade desumanizadora e anunciar as possibilidades concretas de superar essa realidade, de maneira interligada, com o propósito de conquistar uma ação cultural em busca da liberdade. 

O mapa virtual acompanha o trabalho coletivo de povos e comunidades tradicionais  que integram os seis biomas e possui o potencial de se tornar um processo de interação permanente. Em outras palavras, nossa proposta é criar e manter um ciclo contínuo de mobilização e construção de conhecimento partilhado. O endereço direcionado do mapa digital é: comidaepatrimonio.org.br. Assim, tudo juntinho mesmo, sem acento. Quando o visitante estiver acessando o site, ele vai se deparar com a imagem de início como um convite para entrar no mapa. Em seguida, ele encontrará um texto de apresentação e os termos de condições de uso da página do projeto. O visitante deve aceitá-lo para continuar com o acesso. Queremos dar visibilidade à relação entre cultura, biodiversidade e território. 

Assim como o mapa físico, da fase “Celebremos o Brasil e seus mundos de vida”, o mapa virtual também possui um monóculo que ao clicar no ícone, aumenta o tamanho de diversas imagens que representam certos territórios, com o propósito de criar um espaço de experiência sensorial no ambiente virtual. Ao compreender a importância da água na produção dos alimentos, destacamos os rios presentes no mapa virtual. Consideramos que eles não têm uma fronteira política, ou seja, eles se movimentam através de sua própria natureza. Assim, as vozes potentes presentes no mapa se apoiam na ideia de que a cultura é fluida como os rios. Acreditamos que elas também são capazes de fazer ecoar como forma de resistência, possuindo características de cada cultura local.

Todo o processo de digitalização do mapa foi debatido através de reuniões e das oficinas online feitas pelo Google meet com a equipe do projeto de extensão, com pesquisadores do Grupo de Estudos sobre Desigualdades na Educação e na Saúde (GEDES), com a coordenação da campanha e também com a participação de ativistas e educadores/as do FBSSAN e dos coletivos estaduais de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN).

Mas, para além disso, esta fase da campanha nos auxilia a ter um olhar com criticidade para um campo da alimentação, onde é possivel contribuir para a tão necessária luta antirracista, feminista, anticapitalista e também contra as injusticas socioambientais. Ailton Krenak nos ajuda a compreender que se nós não tivermos uma conexão profunda com as nossas memórias ancestrais, buscando sempre ter contato com referências capazes de sustentar nossas identidades plurais, vamos acabar enlouquecendo nesse mundo maluco que compartilhamos. O autor também nos faz refletir que tudo é natureza. Portanto, o pensamento de que a humanidade não é parte da natureza está fadado ao fracasso. Como uma ideia para adiar o fim do mundo, o mapa virtual veio para ajudar a resgatar, valorizar e proteger as nossas identidades plurais e a cultura alimentar brasileira. 

REFERÊNCIAS

CASEMIRO, J. et al. Campanha Comida é Patrimônio: O Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) e a luta pelo respeito e valorização das culturas alimentares. In: PATRIMONIOS ALIMENT ARIOS: TURISMO Y SOSTENIBILIDADES. 18 jun. 2019.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Editora: Companhia das Letras, 2019.

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