Em 2018, o Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN) completa 20 anos de ativismo pelo Direito Humano à Alimentação. A data será celebrada com a realização do 8º Encontro Nacional entre os dias 12 e 14 de novembro, no Rio de Janeiro. A pergunta que guiará os debates é “Como (não) falar em comida de verdade se a fome está de volta?”. Participarão do evento cerca de 80 representantes de organizações, redes e movimentos sociais das cinco regiões do Brasil. A tarde do primeiro dia da programação (12/11) será dedicada a abordar a temática principal com uma sessão aberta ao público na capela da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), a partir das 14h. Esta atividade terá transmissão ao vivo pela TV UERJ.
Dentre os objetivos do oitavo encontro está a construção de um diálogo plural e crítico, motivado pelo risco da volta da fome no Brasil num contexto enraizado de desigualdades em vários níveis (étnico-racial, geracional, econômica, social, ambiental, cultural e de gênero). O país, que saiu oficialmente do Mapa da Fome em 2014 (FAO), apresentou em 2017 tendências que comprometem um amplo histórico de lutas e conquistas do ativismo brasileiro. Esses esforços de controle e participação social resultaram em importantes políticas públicas e processos consistentes de mudanças no campo da Segurança Alimentar e Nutricional, Agricultura, Meio Ambiente, Saúde, Educação.
A abertura (12/11) será com a roda de conversa Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil Pós-Eleições com a participação de Vanessa Schottz (UFRJ-Macaé, FBSSAN, Consea Nacional), Renato Maluf (Centro de Referência de Soberania e Segurança Alimentar Nutricional – (CERESSAN/UFRRJ, FBSSAN) e Elisabetta Recine (Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição – OPSAN/UNB, Presidenta do Consea Nacional).
Na sequência, a sessão pública terá a exibição do filme “Histórias da Fome” (Camilo Tavares e Daniel de Souza) com uma mesa de debate formada por Daniel de Souza (Ação da Cidadania Contra a Fome), Francisco Menezes (Ibase/ActionAid), Márcia Muniz (Caravana contra a Fome/Articulação do Semiárido – ASA/SASOP), Valéria Burity (FIAN/Consea Nacional) e Padre João (Frente Parlamentar de SAN).
O segundo dia (13/11) apresenta um robusto panorama das resistências e resiliências. Em comum, as falas enfatizam o sentido político das lutas por direitos sociais, culturais e territoriais, as quais expressam o direito à existência numa sociedade marcada por iniquidades. De acordo com Renato Maluf, membro da coordenação executiva, o contraponto está em promover a “disponibilidade de alimentos diversificados, acessíveis e respeitadores das culturas alimentares, começando por uma agricultura diversificada de base familiar que valorize a biodiversidade e adote métodos agroecológicos, e incluindo formas de comercialização que tornem esse tipo de alimentação acessível a todos os segmentos da população”.
Para tal empreitada, o Fórum compôs a mesa Sistemas Alimentares, desigualdades e formas de resistências, dividida em duas rodadas. A primeira contará com as presenças de Flávio Valente (Fian) para tratar sobre o contexto internacional; Luis Zarref (MST) que irá trazer a questão da Terra e direitos territoriais; Manoela Carneiro Roland (Homa/UFJF), abordando o DHAA e o tratado internacional sobre empresas e direitos humanos; e Paulo Cesar Castro Junior (Fiocruz- RJ) com uma visão a partir de ambiente obesogênico e desertos alimentares.
A segunda rodada discutirá os sistemas alimentares tradicionais sob quatro perspectivas: da cultura alimentar, com Tainá Marajoara (Iacitata Centro de Cultura Alimentar), feminista, com Maria Verônica de Santana (Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste – MMTR, Consea Nacional); racial, com Edgard Aparecido de Moura (Agentes de Pastoral Negros do Brasil, Consea Nacional); e dos direitos dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, com Mário Ney (Professor Indígena do Povo Terena).
O dia encerra uma síntese dos debates intitulada Estratégias de Re-Existência e Solidariedade na Adversidade, com Maria Emília Pacheco (FASE, FBSSAN). Além dos diálogos com diversidade de pessoas e representações da sociedade civil, o Encontro Nacional tem a tarefa de planejar a agenda de prioridades do Fórum para os próximos dois anos. Por isso, os membros e convidados participarão de Grupos Temáticos, cujos encaminhamentos serão apresentados na plenária final na manhã do dia 14. A culminância do evento é divulgação da carta política.
Em meio a um cenário de incertezas políticas, o 8º Encontro Nacional do FBSSAN é fruto de uma persistente resistência. Assim, sua realização no período pós-eleições expressa a importância vital do ativismo brasileiro articulado, e bem entrelaçado, nas inúmeras redes de indignações, saberes e solidariedades, que nutrem a vigilante luta pela democracia, a partir da compreensão do lugar central ocupado pelos alimentos e pela alimentação na vida, na organização das sociedades e na coexistência com a natureza.
Confira a programação completa
Sobre o FBSSAN
O Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (FBSSAN), criado em 1998, articula pessoas, organizações, redes, movimentos sociais e instituições de pesquisa na luta pelo Direito Humano à Alimentação. Busca sensibilizar para uma visão mais ampla da questão, trabalhando com variadas perspectivas do sistema alimentar: produção, processamento, abastecimento e consumo.
Serviço
8º Encontro Nacional do FBSSAN
Quando: 12 a 14 de novembro
Debate público: 12 de novembro, das 14h às 18h, na Capela da UERJ. Não há necessidade de inscrição prévia. Endereço: Rua São Francisco Xavier, 524. Estação Maracanã do Metrô Linha 2. Quem vem pela Linha 1.
De 13 a 14 de novembro, o evento será realizado no auditório do Sesc em Copacabana para membros e convidados do FBSSAN. Rua Domingos Ferreira, 160. Estação Siqueira Campos do Metrô Linha 1.
Informações:
fbssan20anos@gmail.com
www.fbssan.org.br
Facebook: Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional – FBSSAN
Instagram: @scretariafbssan